Divã / Mensagem do dia por Mariana Giuveia
As coisas acontecem nas manhãs de espera. Um vento lá fora, ao redor da árvore grita. As folhas ruidosamente, gritam. Dentro de mim, o silêncio grita. Esse mesmo seu silêncio insistente que me bate todo dia. Abro a porta e seu vulto que é só um vulto criado por mim, na imensidão de coisas que crio sobre você brinca de fazer sombra nas memórias todas.
Chegou as lembranças, embrulhadas em papel crepom.
O carteiro ri da minha insensatez - ninguém confessa loucura crônica, moça - no envelope não tem uma só palavra sua. Apenas as sardinhas feitas de louça e a coruja que enfeito com seu nome. Levaram noventa e três dias entre suas mãos e as minhas.
Ficam ali, depois de dias guardadas longe dos olhos, em local estratégico para quando você voltar.
Porque eu sei que você vai voltar. Só assim tem sentido essas manhãs de esperas.
Alguns dias doem mais. É quando tenho recaídas - nome simbólico que minha analista usa em decorrência do desespero de saber de você - acontece em alguma mudança de lua? Ela pergunta.
Não sei - ela anota -
O que sei é que alguns dias doem mais. Principalmente, quando no jardim, principiam flores novas. Sementes que nem plantei e que pela singularidade do dia, eu queria te mostrar. O céu tem borrões de nuvens iguais as que gostava e o vento, avisa que a dor hoje veio para ficar.
A janela é meu refúgio em dias assim.
Na extremidade do silêncio respiro saudades. Revisito histórias que te contei. Vejo fotografias onde ri em um carro que parece de brinquedo. Ali, na fotografia, você ri pra mim. Quase pulo dentro da foto e até pularia se pudesse. A moça de azul não veio hoje, e nem veste mais azul. Reparei na última vez que a vi.
A moça do tempo fala em chuvas, repete os dias que não choveu.
Eu também nunca mais chovi. Nada mais é tão líquido em mim, a não ser a espera.
Chegou as lembranças, embrulhadas em papel crepom.
O carteiro ri da minha insensatez - ninguém confessa loucura crônica, moça - no envelope não tem uma só palavra sua. Apenas as sardinhas feitas de louça e a coruja que enfeito com seu nome. Levaram noventa e três dias entre suas mãos e as minhas.
Ficam ali, depois de dias guardadas longe dos olhos, em local estratégico para quando você voltar.
Porque eu sei que você vai voltar. Só assim tem sentido essas manhãs de esperas.
Alguns dias doem mais. É quando tenho recaídas - nome simbólico que minha analista usa em decorrência do desespero de saber de você - acontece em alguma mudança de lua? Ela pergunta.
Não sei - ela anota -
O que sei é que alguns dias doem mais. Principalmente, quando no jardim, principiam flores novas. Sementes que nem plantei e que pela singularidade do dia, eu queria te mostrar. O céu tem borrões de nuvens iguais as que gostava e o vento, avisa que a dor hoje veio para ficar.
A janela é meu refúgio em dias assim.
Na extremidade do silêncio respiro saudades. Revisito histórias que te contei. Vejo fotografias onde ri em um carro que parece de brinquedo. Ali, na fotografia, você ri pra mim. Quase pulo dentro da foto e até pularia se pudesse. A moça de azul não veio hoje, e nem veste mais azul. Reparei na última vez que a vi.
A moça do tempo fala em chuvas, repete os dias que não choveu.
Eu também nunca mais chovi. Nada mais é tão líquido em mim, a não ser a espera.
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