Numero 8 / mensagem do dia por Andreia Carvalho Gavita (compartilhada do face )
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Sentada no meio do jardim. O vestido, cor de rosa antigo, na cabeça, um laço, como uma borboleta, como uma flor. Ao redor um ar suave, cravinas e verbenas.
Porém, são doze horas na capela e no colégio. Vem a mãe, e a leva para almoçar. O refeitório está na penumbra. A mãe traz a caçarola, com a tampa pintada. Dá-lhe um prato de sopa. E se vai. Ela, já, no primeiro momento, descobre um rato; logo, um morcego, que, ainda que fervido, silva; depois, uma cebola irisada; porém, ao querer cortá-la, vê que é de pedra. E descobre ossos. E um ovo ( ao entreabrir-se, deixa sair, em perfeita miniatura, uma tia muito velha, morta, antigamente ). Ela quer dar um grito, chamar a mãe, e, por sua vez, tem um medo horrível de que venha.
Afora, sopra, como nunca, o ar azul.
E nascem mais cravinas e verbenas.
Porém, são doze horas na capela e no colégio. Vem a mãe, e a leva para almoçar. O refeitório está na penumbra. A mãe traz a caçarola, com a tampa pintada. Dá-lhe um prato de sopa. E se vai. Ela, já, no primeiro momento, descobre um rato; logo, um morcego, que, ainda que fervido, silva; depois, uma cebola irisada; porém, ao querer cortá-la, vê que é de pedra. E descobre ossos. E um ovo ( ao entreabrir-se, deixa sair, em perfeita miniatura, uma tia muito velha, morta, antigamente ). Ela quer dar um grito, chamar a mãe, e, por sua vez, tem um medo horrível de que venha.
Afora, sopra, como nunca, o ar azul.
E nascem mais cravinas e verbenas.
Cai um resplendor sobre os carvalhos.
Não se sabe se é tarde ou se é noite.
Roda sobre o solo o livro miniado.
Chegam as tias. Ou só uma, a única; ou muitas;
e falam com minha mãe;
assim, todas as coisas do passado retornam juntas.
Eu, como sempre, estou em uma esquina da casa.
Apanho, outra vez, o livro de Kells.
O vento faz sonarem as harpas.
E de meu cabelo vermelho sai música.
Não se sabe se é tarde ou se é noite.
Roda sobre o solo o livro miniado.
Chegam as tias. Ou só uma, a única; ou muitas;
e falam com minha mãe;
assim, todas as coisas do passado retornam juntas.
Eu, como sempre, estou em uma esquina da casa.
Apanho, outra vez, o livro de Kells.
O vento faz sonarem as harpas.
E de meu cabelo vermelho sai música.
*** Fragmentos d’Os Papéis Selvagens I.Tratado do Querubim. Marosa di Giorgio. Tradução de Jussara Salazar.
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