por que hoje é dia de poesia /fogo portátil / de Andreia Carvalho Gavita



*fogo portátil*
no pulgueiro da noite
névoa nórdica
nuage de poussière passeia
com sua piteira prateada
em saltos insalubres
pela ceia dulcífera-encefálica dos cômodos
de Komodo
minha dama-dragão
com cabelos de neblina
& vísceras vespertinas
pita pitonisa, pita pervertida
com uma subversiva dose
de nicotina
fio de náilon sobre o nilo
tremo dentro do algodão
pela primeira vez
perfumado
ela me chama
a brasa bétula esbugalhada
pelos dedos de lótus
os olhos de cócoras na placenta
da escuridão
belos como a lua de liz do fim dos túneis
mas resisto, santelmo
um terror antigo de crateras
na língua chamuscada
um bálsamo de belzebu
no enxame do palato
abstinente
*AC*



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