Hoje é dia de poesia tem augusto dos anjos/ A um Poeta erótico
A
UM POETA EROTICO
Parece
muito doce aquela cana,
Descasco
–a provo –a chupo – a... ilusão treda!
O amor
poeta é como uma cana azeda!
A toda
boca que não prova engana.
Quis
saber o que era o amor por experiência,
E hoje
que em fim conheço o seu conteúdo,
Pudera eu
ter que idolatro o estudo,
Todas as ciências,
menos esta ciência.
Certo
este amor não é que,
Mas
certo, o egoísta amor este é que é acinte.
Amas o
oposto a mim, por conseguinte,
Chamas
amor àquilo que eu não chamo,
Oposto
ideal ao meu ideal conservas,
Diverso
é, pois, o ponto outro de vista,
Consoante,
o qual observa o amor do egoísta.
Modo de
ver, consoante o qual. O observas.
Por que o
amor tal, como eu estou amando.
É
espírito, é éter, è substância fluida,
È assim
como o ar que a gente pega e cuida,
Cuida,
entretanto, não estar pegando!
È a
transubstanciação de instintos rudes,
Imponderabilíssima
e impalpável,
Que anda
acima da carne miserável,
Como anda
a garça acima dos acudas,
Como
mársias, - O inventor da flauta,
Vou
inventar também outro instrumento,
Mas de
tal arte e espécie tal fazê-ló,
Ambiciono
que o idioma em que eu te falo,
Possam
todas as línguas decliná ló
Possam
todos os homens compreendê - ló.
Para que
enfim, chegando a última calma,
Meu pobre
coração roto, não role.
Integralmente
desfibrado e mole
Como um
saco vazio dentro da alma!
( Augusto
dos anjos )
(Versos de Amor)
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