Hoje é dia de poesia/ Augusto dos Anjos

"Toma o fósforo, acende o teu cigarro" (AA). Vai, a quimera dorme naquele morro verde-piscina, onde mergulha os dedos esmaltados, cheios de fumaça. "O que são unhas ? Nada mais que os futuros diamantes do Rei Magma !!" (PR). Estes brilhantes e estas cobras que tens tatuados na pele cantam como sinos nascentes dentro da neblina. No profundo da terra, todos os versos são íntimos, e respondem os teus poemas, pois também são feitos de minerais (como os bichos e as plantas e os lanches). Minérios sidereos: os donos das ruas todas que pisas com tua penumbra de caça e caçador. Bebe teu licor. Viaja com amigos. Comparece em todas as festas para que os coquetéis e as cornucópias reconheçam teu nome. O tempo é uma labareda embriagada no teatro dos signos. Breve. Não te esqueças. Somos filhos ávidos de vênus, a nebulosa. Apenas mais um planetinha purpurinado no abysmo do cosmos. É lógico que esta analogia será assistida e ele te sonda e nunca te esquecerás. Não temas o anonimato, ele te espera, sabendo tudo de ti. Sorria, mesmo enquanto imaginar que não está sendo filmado. Pois assim o és, eternamente: vislumbrado.

*AA = Augusto dos Anjos


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