Compreensão & tolerância/ mensagem do dia / Sheik Al -Kaparra
“Jamais aceite coisa alguma que repugne a sua consciência”
O verbo tolerar é, no fundo, melancolicamente ofensivo. Quem tolera não entende, não compreende, e só aceita com reservas. E que reservas são essas? Essas reservas são todo aquele cabedal de argumentos que nos foram enfiados goela abaixo pela educação familiar, pela escola, pelas leis sociais ou pelos preceitos religiosos a que demos ouvidos. Muitas vezes toleramos certas coisas porque o resto da boiada diz que isso é o certo ou o errado. E, assim procedendo, caminhamos como um rebanho de carneiros rumo a um calvário indigesto e pouco produtivo. Muitas vezes, dizendo-nos tolerantes, nada mais fazemos do que julgar uma determinada coisa, conceito ou situação sob o prisma de todas as regras que foram passadas como indivíduos participantes de um imenso rebanho. Numa palavra: em nome da Moral Social ou da religião adotada achamos que estamos pensando e agindo corretamente!
Quem compreende não condena mais coisa ou pessoa alguma, porque encontrou a raiz oculta do que antes lhe parecia absurdo ou intolerável.
Infelizmente, preferimos muito mais tolerar do que compreender.
Com que autoridade criamos a pretensão de corrigir o mundo e refazê-lo segundo nossos próprios princípios?
Uns acham que sua religião é melhor, mais pura ou mais civilizada e tocam o pau nas outras, que lhes parecem “primitivas” ou “coisa de gentinha”. E daqui a pouco as vemos criticando este ou aquele “ismo” e tentando fazer catequeses porque ele não combina com seus credos ou porque segue outra Fonte Divina, como se a Fonte Divina fosse uma máquina de fazer pipocas, onde, além das boas, sempre sobram as mais queimadas e os caroços que não estouraram. No entanto, para eles, as boas pipocas são aquelas que eles deglutem dentro do seu credo e o resto do lixo fica para as massas incultas, equivocadas ou pouco evoluídas.
Devemos deixar que cada um reverencie a Divindade do seu modo e do seu jeito sem tecer nem elogios nem críticas.
Não se deixe aprisionar pelas grades de nenhuma religião de cunho ortodoxo, de nenhuma religião que lhe feche os horizontes ou que lhe ensine que nada é verdadeiro se não tiver sido ensinado dentro dela ou dela tiver recebido o seu beneplácito.
Rasgue a sua toga. Jogue fora os seus códigos particulares e, ao fazê-lo, estenda suas asas amigas por sobre toda a humanidade. Trabalhe dentro da sua seara espiritual, seja ela qual for, e deixe que os outros façam a mesma coisa do seu modo particular sem que nisso você bote a sua colher.
Deixe os outros de mão e concentre-se no seu trabalho.
Se seu trabalho é importante para o Grande Logos o deles também, mas você só entenderá isso quando deixar de tolerar e começar a compreender.
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