Do meu Quarto de moça / mensagem compartilhada do face por Andreia Carvalho Gavita

*do meu quarto de moça vejo, cega, as vitrines do mundo. também vejo o quarto dos moços e do avô. o meu quarto é o local de circulação central, por onde todos transitam. não tenho privacidade. não me importo. eu escrevo e lá no caderno de quitutes, com suas gramas oníricas e aceitáveis, só entra quem meu desejo cozinha e aprova. os temperos são inexistentes na horta da mãe e da avó. meu espartilho me aperta e não me deixa caminhar livremente. então escrevo, quando o cinturão está vazio e abandonado no baú. eu caminho como um cisne. mas é outro truque. minhas asas são feitas de palha, altamente combustíveis. a pólvora está do outro lado da rua, no panteão dos heróis. o pavio costura o espartilho ou é mergulhado em óleo, nas pacíficas lamparinas que brilham como urzes e olhos de lontras, em noites de extrema lucidez e tédio. (odeio cozinhar

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